Este artigo foi publicado originalmente em Arup Connect como "Ask Arup: Visualization Edition."
Em nossa última rodada de Pergunte ao Arup, o leitor Biserat Yesflgn, do ArchDaily, pediu dicas sobre o software de visualização 3ds Max (anteriormente conhecido como 3D Studio Max). Conversamos com o especialista em visualização nova-iorquino Anthony Cortez, do escritório Arup, para saber como ele usa o programa, quais competências os artistas de visualização em perspectiva precisam ter e como o campo está evoluindo.
Venho trabalhando com a Arup nos últimos 10 anos. Utilizamos o 3ds Max como suporte em nossos escritórios multidisciplinares para visualizar projetos durante as fases de concepção e construção, para mostrar ao público como os edifícios e projetos de infraestrutura se parecerão antes que eles realmente sejam construídos.
Como as outras pessoas usam o programa? Os arquitetos o utilizam de forma diferente do que você faz, por exemplo?
A força do 3ds Max é a sua versatilidade. Não é uma ferramenta de uma só indústria. Desde cinema, efeitos visuais, jogos de vídeo game e comerciais até visualizações arquitetônicas, as pessoas usam o programa para modelagem, mapeamento de texturas, iluminação, animação e renderização. Os arquitetos usam-no para visualizar modelos de edifícios. Há designers de jogos que o utilizam para criar animações de jogos e ambientes; a indústria de efeitos visuais faz seu uso para criar simulações de multidões e explosões.
Aqui na Arup usamos todas essas coisas que Hollywood e os criadores de jogos utilizam, mas aplicando-as para a engenharia e arquitetura.
Temos engenheiros de iluminação aqui no escritório que estudam como a luz atinge as superfícies e é refletida e absorvida pelos materiais. Usamos 3ds Max para visualizar como a luz se comporta fisicamente na vida real. Nos dias de hoje, é muito difícil identificar a diferença entre uma fotografia e uma renderização.
Há também um projeto em que estamos trabalhando, de uma nova ponte para a cidade de Nova York, onde estamos tirando fotos a partir de vários pontos de vista estratégicos em torno da área do vale do Hudson e fazendo fotomontagens do projeto, para criar um estudo de impacto visual fotorrealista e mostrar como o projeto será, para que possamos passar para o próximo estágio no processo de aprovação.
Estas são algumas maneiras de usá-lo.
Você está trabalhando muito com aplicações de realidade aumentada. O 3ds Max desempenha algum papel nisso?
Bem, tradicionalmente, a nossa forma de exportar o que é feito no 3ds Max é através de renderizações, ou animações em real-time, como motores de jogos. Mas o que é novo é uma plataforma chamada realidade aumentada (AR), onde somos capazes de levar objetos em 3 dimensões e sobrepô-los no mundo real, sendo possível interagir com estes objetos em tempo real, semelhante ao que já vimos em filmes como Minority Report, Avatar ou Ironman.
Nós usamos o AR em alguns projetos, incorporando modelos de informação sobre os planos de construção do terreno. Quando o seu smartphone ou tablet reconhece a página, os modelos são sobrepostos, dando-lhe uma melhor compreensão do projeto no terreno em três dimensões.
Este aplicativo também funciona no local de trabalho. Nossos engenheiros recentemente foram a Montana para um projeto e puderam acessar modelos de projeto geolocalizados e sobrepô-los na paisagem. O valor disto é que permite a colaboração em tempo real com os clientes, permitindo-lhes visualizar as coisas que os arquitetos e engenheiros estão propondo. Isto leva a uma melhor tomada de decisões durante o processo de projeto.
Estamos apenas engatinhando com esta tecnologia, e eu estou realmente animado tentar expandí-la.
Parece que o mundo visualização arquitetônica está mudando muito rapidamente. Quais as habilidades que as pessoas precisarão para trabalhar neste campo nos próximos anos?
Ter um bom fundamento dos princípios do projeto é fundamental: ter um bom olho no que diz respeito à composição, atenção aos detalhes. Ser capaz de entender como interpretar plantas, fachadas, cortes transversais. E também, paralelamente, ser capaz de entender como o tempo funciona em objetos animados. Compreender como a luz se comporta quando ela interage com materiais físicos e, então, ter bom senso de organização e otimização dessas cenas virtuais.
O que quer dizer com isso?
Digamos que você tenha várias luzes incidindo em uma superfície e refletindo-se dela, em seguida, batendo na janela e passando por dois ou três níveis diferentes de vidro, com reflexão e refração. Parte da luz atravessa, outro tanto é refletido e atinge o teto, etc. Se todo este cálculo tiver que ser feito, isso pode levar horas para processar um quadro de animação, enquanto que se você otimizar a cena e ajustar a geometria e as configurações de materiais, é possível equilibrar o tempo em relação à qualidade da renderização para que o processamento não tome tanto tempo - talvez apenas uma fração do que demoraria - mas ainda teremos um nível aceitável de qualidade. Assim, é necessário um equilíbrio entre tempo e qualidade.
Além do 3ds Max, o que você considera os programas básicos que as pessoas devem conhecer?
O resto do pacote de projetos da Autodesk, como Revit, AutoCAD e Civil 3D. O Rhino é uma excelente ferramenta para a modelagem paramétrica. Também é útil saber utilizar todo o pacote Adobe Creative Suite, incluindo Photoshop, After Effects e Premiere Pro.
Como você acha que a indústria será daqui dez anos? Que mudanças você antecipa?
Você será capaz de acessar dados de qualquer lugar que estiver através de dispositivos de computação incorporados nas vestimentas, sobrepondo e interagindo com objetos virtuais no topo do mundo real, semelhante, mais uma vez, com o que já filmes no cinema, em Minority Report ou Avatar.
Eu não acho que vamos ter que esperar mais uma década, no entanto. Fiquem de olho em empresas como a Meta, por exemplo, que está desenvolvendo óculos de realidades aumentadas.